POLICIAIS ESPANCAM O RAPPER FIELL NO RIO DE JANEIRO
PMs espancam músicono morro Dona Marta
Com informações da Rede de Movimentos e Comunidades Contra a Violência
No morro Dona Marta, o morador Emerson Cláudio Nascimento dos Santos, de 30 anos, ou Fiell — conhecido em todo o Brasil pelos raps que compõe e os filmes que faz — critica duramente o Estado policial e as UPPs. O morro Dona Marta serviu como laboratório para implantação da primeira UPP no Rio e tornou-se a vedete do monopólio das comunicações para propagandear a política de ocupação militar das favelas cariocas.
Desde o início da ocupação policial, o rapper questiona a abordagem feita pela PM aos moradores, que assim como nas outras favelas militarizadas, inclui agressões, torturas e roubos. Mas no dia 22 de maio, o próprio Fiell foi espancado e preso arbitrariamente durante uma festa no bar de seu sogro José Alves dos Santos — conhecido como Zé Baixinho.
— Os policias passaram aqui no bar 21h e avisaram que se o evento não passasse das 2h, eles iriam me prender e pegar os equipamentos de som.Eu fiquei em alerta, e quando no relógio faltavam 5 minutos para as 2h, eles invadiram o bar sem nenhum mandado e saíram desligando todas as tomadas do som. Peguei minha filmadora e comecei a filmar toda a cena, pois eu não acreditava no que estávamos vendo. Em nenhum momento os policiais pediram para baixar o som. Falavam que era ordem da Capitã Priscila — afirma o músico, citando a comandante da UPP do Dona Marta.
— Com o som desligado, eu peguei o microfone, que estava funcionando, e comecei a indagar os PMs. O cabo Damião, da UPP, não gostou da minha atitude e me deu ordem de prisão por desacato. Protestar agora é desacato? Sem reação violenta pedi para fazer uma ligação e pegar meus documentos que estavam a 10 metros do bar, mas o cabo me puxou do palco e me arrastou até a viatura. No trajeto até a Blazer da PM, os 12 policiais foram me espancando sem parar — acusa Fiell.
— Para chegar até a viatura eles tiveram que passar em frente ao DPO [Departamento de Polícia Ostensiva]. Foi quando eu vi mais três PMs saindo do DPO e vindo na nossa direção. Eles chegaram perto de mim e seguiram com o espancamento. Me bateram no rosto e nas costelas até chegar na viatura, quando me jogaram dentro da caçapa — afirma o rapper.
— Pedi que minha mulher me acompanhasse e eles a seguraram pela gola da blusa e a jogaram violentamente na caçapa. Quando chegou na 10ª DP, em Botafogo, autuaram ela por desacato também. Como pode? Até o meu cunhado, que foi até lá só para levar os meus documentos, foi autuado por desacato. Eu contei a minha versão, mas a delegada falou que só acredita nos policiais e isso é o que vale, pois eles têm “fé publica”. Que país é esse onde os pobres não tem direito a nada e se falar alguma coisa leva porrada? Depois fui ao IML fazer exame de corpo de delito, pois estou todo machucado devido às agressões. Esse é o tratamento dado pela UPP aos moradores que questionam o que é errado — conclui o músico indignado com mais esse abuso no rastro da militarização.
Fonte: Jornal A Nova Democracia: www.anovademocracia.com.br
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